Existem certas diferenças entre a simples revisão linguística de um texto e a revisão de uma tradução. O número de etapas a seguir na revisão de uma tradução é mais significativo.
1. Rever o texto no programa de tradução (CAT)
Hoje em dia, a maioria das traduções são feitas em programas de tradução (“Memórias”), pelo que o primeiro passo deverá ser rever o texto ainda no programa de tradução, segmento a segmento de modo a rever os segmentos inseridos na memória e inserir termos e expressões técnicas na base terminológica.
2. Rever o documento fora do programa de tradução (CAT)
Depois da revisão no programa de tradução deve ser feita outra revisão, exportando o documento e revendo-o fora do programa, de forma a ter uma melhor perceção da estrutura do documento, e não apenas segmento a segmento.
3. Imprimir a tradução (opcional)
Este passo pode parecer dispendioso, mas a nossa atenção na leitura em papel é superior à leitura no computador. Certamente que já lhe aconteceu fazer um trabalho e revê-lo e, depois de o imprimir, notar erros ou gralhas que não tinha identificado antes.
4. Ler em voz alta
O nosso cérebro gosta de nos pregar partidas e autocorrige-se. Ao ler o texto em voz alta consegue aperceber-se, mais facilmente, de erros de concordância, erros semânticos e onde deve fazer pausas (pontuação).
5. Rever o texto de chegada (tradução) sem olhar para o texto de partida (original)
Ao rever apenas o texto de chegada (tradução), sem ter visto o texto original, conseguirá detetar melhor a existência de gralhas, se as frases fazem ou não sentido, e se o texto é coerente. O tradutor ao fazer a sua tradução poderá não se ter apercebido que uma frase não faz sentido na língua de chegada ou, pode não ter conseguido transmitir a mensagem do original.
6. Fazer uma segunda análise da tradução, analisando os dois documentos
Nesta segunda análise, o revisor deverá, então, rever a tradução e verificar se todos os elementos constantes no documento original foram reproduzidos e traduzidos; se os termos foram corretamente traduzidos e, verificar se os números e nomes próprios foram bem transcritos.
No entanto, a revisão de uma tradução não deverá ser feita apenas por uma pessoa (o próprio tradutor), deverá ser também feita por um segundo profissional (o revisor), garantindo, assim, um melhor controlo de qualidade. De igual modo, as correções que forem feitas ao texto já fora da Memória deverão ser repercutidas na mesma, a fim de mantar a coerência terminológica em futuras ocorrências.
Sandra Borges
Estagiária ABC, Mestranda em Tradução Jurídica na U. de Aveiro