(Parte II)
No artigo anterior, vimos que o estudo da Tradução
implica o estudo da linguagem, sendo que os problemas de Tradução são,
na origem, problemas de linguagem.
Os estudos de tradução inserem-se assim no campo
epistemológico mais generalizado das ciências sociais e humanas, fazendo
apelo, como já vimos, a uma transversal multidisciplinaridade. O estudo das expressões
de arte mais longínquas leva-nos a relacionar a linguagem com a mão
(enquanto instrumento de escrita, pintura, gravura…), o gesto (físico e
vocálico), o símbolo (concordância entre emissor e recetor), entre
outros.
Entendida desta forma, a linguagem só pode
ser entendida no contexto da experiência humana, da consciência
social, da interação. A cada linguagem corresponderá uma organização
do pensamento e uma organização do mundo. O mesmo é dizer que o
Homem apenas existe através da linguagem de que faz uso e conhece.
Concluindo, numa fundamentação que creditamos a
Ludwig Wittgenstein, o Homem apenas comunicará até aos limites da sua
linguagem, não podendo nunca comunicar o que a extravasa. Sendo a linguagem
o instrumento da tradução por excelência, o Tradutor só conseguirá
traduzir o que se encontra nas fronteiras da sua própria linguagem. Impõe-se
assim um constante esforço de alargamento/derrubamento dessas fronteiras, uma
constante procura de experiências e de saberes. Quanto maior for a visão do
mundo do Tradutor, mais e melhor ele poderá traduzir.
O texto dos dois artigos foi extraído e adaptado da
Tese de Mestrado de Ana Bela Cabral em Comunicação e Expressão,
intitulada “Comunicação e Tradução –
A Tarefa do Tradutor e os Limites da Linguagem”.
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