terça-feira, 15 de julho de 2014

Tradução e Linguagem



(Parte II)

No artigo anterior, vimos que o estudo da Tradução implica o estudo da linguagem, sendo que os problemas de Tradução são, na origem, problemas de linguagem.

Os estudos de tradução inserem-se assim no campo epistemológico mais generalizado das ciências sociais e humanas, fazendo apelo, como já vimos, a uma transversal multidisciplinaridade. O estudo das expressões de arte mais longínquas leva-nos a relacionar a linguagem com a mão (enquanto instrumento de escrita, pintura, gravura…), o gesto (físico e vocálico), o símbolo (concordância entre emissor e recetor), entre outros.

Entendida desta forma, a linguagem só pode ser entendida no contexto da experiência humana, da consciência social, da interação. A cada linguagem corresponderá uma organização do pensamento e uma organização do mundo. O mesmo é dizer que o Homem apenas existe através da linguagem de que faz uso e conhece.

Concluindo, numa fundamentação que creditamos a Ludwig Wittgenstein, o Homem apenas comunicará até aos limites da sua linguagem, não podendo nunca comunicar o que a extravasa. Sendo a linguagem o instrumento da tradução por excelência, o Tradutor só conseguirá traduzir o que se encontra nas fronteiras da sua própria linguagem. Impõe-se assim um constante esforço de alargamento/derrubamento dessas fronteiras, uma constante procura de experiências e de saberes. Quanto maior for a visão do mundo do Tradutor, mais e melhor ele poderá traduzir.

O texto dos dois artigos foi extraído e adaptado da
Tese de Mestrado de Ana Bela Cabral em Comunicação e Expressão,
intitulada “Comunicação e Tradução –
A Tarefa do Tradutor e os Limites da Linguagem”.

 

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